terça-feira, 3 de outubro de 2017

Apresentação


Imagem: Detalhe do Mapa Agas (1561).
Cheapside é a via larga no centro. A Catedral de St,Paul está embaixo, à esquerda, e a residência dos Middleton ficava no cruzamento de Ironmonger e Ketton, no topo e à direita.

Crítico moralista da decadência dos costumes, do molde que todos tempos produzem, Thomas Middleton dá, no entanto, uma vitalidade a seus decaídos da graça que confere uma ambiguidade cínica à denúncia. O humor negro e a farsa se unem para compor um teatro direto, de linguagem ao rés-do-chão - muito mais dependente de monossílabos do que a de Shakespeare, certamente - e ainda assim de enorme riqueza dramática, bastante para lhe conferir proeminência no palco londrino após a aposentadoria do "homem de Stratford", com quem havia colaborado.

Uma Donzela Virgem em Cheapside ((A Chaste Maid in Cheapside, 1613) é como uma culminação pessoal no gênero conhecido como "comédia urbana", marcado pela ambientação local, pela sátira de costumes, e pela exposição do capitalismo nascente. Seus outros grandes representantes foram Ben Jonson, Thomas Dekker, e John Marston, e Middleton já o abordara em comédias como A Mad World My Masters, Michealmas Term e A Trick to Catch the Old One, além da colaboração com Dekker, The Roaring Girl. Trata-se de um triunfo de trama quíntupla: a virgem titular e seu amor contrariado; Amâncio em sua dependência de prostituir a esposa; Oliver Secco e esposa dependendo de um filho para receber uma herança; Espoleta Sênior e sua fertilidade excessiva; e Tim e seu casamento com a Dama Galesa; isso sem contar episódios deliciosos como o do batismo ou o dos fiscais de quaresma.

É uma divertida peça que se propõe aqui trazer para nosso idioma, tecida com humor negro, cinismo e tons sombrios de um lado, mas de uma vitalidade pulsante e uma celebração da vida e de Londres de outro. Tudo isso permeado de muito sexo, em liguagem e em ação.

Aqui se pode conferir o texto em inglês na edição online de Chris Cleary.
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